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terça-feira, fevereiro 24, 2009

Amazônia tem rios de três cores distintas; entenda a diferença entre eles

Coloração influencia ocorrência de plantas e animais nos rios. Encontros entre águas transformam-se em locais turísticos.

Um dos locais que mais encanta os turistas que vão para a Amazônia é o ponto onde se encontram as águas barrentas do Rio Solimões com as águas escuras e transparentes do Rio Negro. A poucos quilômetros de Manaus, têm-se a impressão que dois mares – um de tinta branca e outro de tinta negra – teimam em não se misturar.

O que pouca gente sabe, porém, é que a região é repleta de encontros entre rios de cores diferentes, e que o tom da água pode definir as espécies de peixes e de plantas que vivem por ali. Segundo o pesquisador Bruce Forsberg, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), há três tipos básicos de rios na Amazônia: os rios de águas brancas, águas negras e águas claras.

Águas brancas

Os rios de água branca, como o Solimões, são os que nascem em lugares muito montanhosos. “Tem que ter relevo na cabeceira. O Juruá e o Purus, por exemplo, têm cabeceira nos Andes”, explica Fosberg. A coloração barrenta da água vêm da terra que esses rios arrancam das montanhas quando descem.


Águas barrentas do Rio Solimões contrastam com o Lago de Coari, no Amazonas.

A coloração “suja” da água não significa que ela não seja apreciada pelos peixes. Junto com o barro, muitos nutrientes ajudam plantas a crescerem no leito do rio, alimentando os animais aquáticos. “Os bagres migradores, por exemplo, desovam na cabeceiras dos Andes. Eles vivem nos rios de água branca”, conta o pesquisador.

Águas negras

Já nos rios de água negra ocorre o inverso. Eles nascem em locais baixos, e não levam sedimentos. “Eles passam por áreas com solos encharcados e áreas alagáveis. Isso tem muito na bacia do Rio Negro. São áreas que têm muito material orgânico”, ensina Fosberg. Alguns animais são exclusivos desses tipos de águas. “O [peixe] cardinal, por exemplo, só é encontrado no Rio Negro.”


Banco de areia entre as águas escuras do Rio Negro, no Parque Nacional de Anavilhanas.

Quem mora na Amazônia – e principalmente quem viajou para lá – percebe um fenômeno interessante nos rios de água negras: eles têm menos pernilongos. Segundo o pesquisador do INPA, isso ocorre porque as águas têm menos nutrientes, e não fazem muito o gosto dos insetos.

Águas claras

Em menor número, mas muito apreciados por suas belas praias, são os rios de águas claras. Eles nascem em locais de pouco relevo, e passam por poucos locais alagáveis. Isso faz com que a água seja límpida. É o caso do Rio Tapajós e do Xingu.



Rio Tapajós, que banha a cidade de Itaituba (PA) é um dos exemplos de águas claras.

Encontros das águas

Na Amazônia, é possível observar vários encontros entre rios com águas de coloração diferente. Além da famosa confluência do Negro e Solimões, também se pode ver o encontro do Tapajós ou do Xingu com o Amazonas (claro com branco), ou do Rio Branco com o Rio Negro (branco com negro).

Dependendo da época do ano, podem ser necessárias centenas de quilômetros para que as águas se misturem totalmente. Segundo Fosberg, isso ocorre porque os rios são calmos e muito grandes. “Um afluente pequeno se mistura poucos quilômetros rio abaixo”, conta.

Fonte: globo.com